14 maio 2020

Dermatite atópica

A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica de caráter genético, não contagiosa, caracterizada por episódios recorrentes de dermatites (inflamações da pele) e coceira. Apresenta uma prevalência de 10 a 12% da população e é mais comum em mulheres. Além disso, mais de 90% dos casos iniciam antes dos 5 anos de idade, sobretudo antes do 1 ano de vida.

Faz parte do grupo de doenças da tríade atópica: rinite alérgica, asma e dermatite atópica. Se intitula atópico todo paciente que apresenta uma predisposição genética de hipersensibilidade do organismo a alérgenos ambientais. Como, por exemplo, poeira, ácaros, pólen e alimentos comuns.

Além dessa resposta exagerada do sistema imune, a doença também tem em sua gênese uma alteração na barreira protetora da pele, uma espécie de escudo natural que garante a sua integridade. Entretanto, no caso da dermatite atópica, devido redução de algumas substancias importantes na pele, como ceramidas e filagrina, essa barreira torna-se porosa, semelhante a uma rede. Então, isso leva a:

Um aumento da perda de água transcutânea, o que deixa a pele mais ressecada; Aumento da absorção de irritantes externos, o que torna esses pacientes mais propensos a dermatites de contatos, sensibilidade aumentada da pele e infeções. Sinais e sintomas de dermatite atópica

A característica da doença é, principalmente, uma pele muito seca com coceira importante e lesões avermelhadas, ásperas e escamosas, às vezes com vesículas sobrepostas. Além disso, a coceira pode levar a escoriações da pele pela unha, o que facilita a contaminação das feridas por bactérias e leva a um ciclo vicioso (quanto mais o paciente manipular, maior a coceira e a irritação na pele). O quadro é mais intenso a noite e exacerba com alguns fatores. Por exemplo, sudorese, uso de roupas de lã, uso de loções perfumadas ou produtos irritantes e banhos muito quentes e longos.

Outras lesões de pele associadas a dermatite atópica são:
Ceratose pilar:
Pitiríase alba:
Ictiose vulgar:
Linhas de Dennie-Morgan (dupla prega infra palpebral):
dermatite atopica Dennie-Morgan
Queilite:

O quadro clínico e localização das lesões variam de acordo com as fases da vida:
Fase infantil (3 meses a 2 anos de idade): acomete, principalmente, as bochechas, joelhos, cotovelos, mãos e pés; Fase pré-puberal (2 a 12 anos de idade): afeta, sobretudo, as áreas de dobras (flexuras atrás dos joelhos e cotovelos, região cervical posterior, punhos, tornozelos e pálpebras);
Fase adulta (a partir de 12 anos de idade): normalmente atinge áreas de dobras, mamilos, mãos e pálpebras.

Em geral, a dermatite atópica melhora com o passar da idade, podendo desaparecer por completo até adolescência. Apenas uma fração dos portadores permanece com o problema, mas geralmente com sintomas mais amenos.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da dermatite atópica é eminentemente clínico. Não há necessidade de biópsias ou testes complexos.

O mais importante no tratamento do paciente atópico é a hidratação diária, dentro de 3 minutos após o banho, com um hidratante especifico. Isso porque é capaz de restaurar a barreira protetora da pele. Além disso, alguns cuidados preventivos são extremamente importantes a fim de controlar novas crises. Dentre eles:

Banhos rápidos e mornos, sem buchas e escovas, preferencialmente com sabonetes neutros e sem perfumes; Evitar contato direto da pele com produtos químicos, fragrâncias ou corantes adicionados a loções ou sabonetes, detergentes e produtos de limpeza em geral; Evitar contato direto da pele com irritantes ambientais como, por exemplo, poeira, pólen, mofo, ácaros e animais; Preferir roupas folgadas, de tecido de algodão. Evitar contato direto da pele com lã, tecidos ásperos e tecidos sintéticos; Ingestão hídrica de pelo menos 2 litros de água por dia Evitar baixa umidade do ar, frio intenso, calor e transpiração intensos; Atentar para estresse emocional.

Além da hidratação e cuidados gerais é valido minimizar a inflamação no local e controlar a coceira. Nos quadros mais brandos, são usados produtos à base de corticoides ou os imunomoduladores, que inibem um ramo do sistema imune envolvido na história.

Nas situações mais complicadas é preciso partir para um tratamento também sistêmico, com cursos curtos de corticoides orais (atentando que pode ocorrer rebote após retirada), uso de imunossupressores sistêmicos que regulam o sistema imunológico ou fototerapia.

Sempre que houver contaminação das lesões de dermatite atópica, deve-se iniciar o tratamento contra agentes infecciosos. Além disso, pode-se indicar antialérgicos contra a coceira, se necessário.

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